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...Elites
Medina Carreira diz: "Parte da elite económica e política está podre. Andamos a provocar a rua".
Uma frase dura, cheia de significados.Esta crise foi feita por políticos e economistas, "elite" incompetente, bem paga.Essa "elite" durante anos não poupou elogios à globalização. A globalização era modelo de modernidade, estabilidade, fartura.As vozes críticas, alertando sobre situações que a globalização trazia, eram abafadas, atiradas para o caixote do lixo e seus autores desacreditados.A concorrência e a competitividade eram palavras que enchiam discursos.As empresas deslocalizavam-se, era a globalização. As multinacionais impunham condições para se fixarem, e as condições eram concessão de subsídios, benefícios fiscais, leis de trabalho a lembrar a servidão, e essas exigências eram leis da globalização.Os anos foram passando. Chegamos ao fim da pista.Os bancos, instituições pioneiras nas modernidades da competição, seguindo as normas da globalização, estão endividados e muitos em insolvência. Os mesmos que durante anos publicaram relatórios com lucros sempre a crescer. Instituições financeiras de grande crédito estendem a mão ao Estado para receber dinheiro. Dinheiro dos contribuintes.Empresas de nome mundial, multinacionais de prestígio e de tecnologias avançadas, dizem que estão com prejuízos.Esta confusão tem responsáveis. A "elite económica e política" é responsável pela crise que assola o mundo.Se bem repararmos, entre nós, os economistas chamados a dar orientações à nação, são sempre os mesmos de há vinte anos. Os nomes são conhecidos. São os mesmos que fizeram as privatizações da banca, das seguradoras, das grandes empresas. Os mesmos que privatizaram empresas como a Sorefame com promessas de crescimento. Empresas que hoje não existem, sendo Portugal comprador de tudo o que nessas empresas se produzia, fazendo cair sobre a país uma dívida externa pesada e deixando no desemprego trabalhadores especializados.A mesma "elite" que destruiu a pequena agricultura, prometendo uma agricultura moderna, terras férteis e produtos de qualidade, assiste agora sem vergonha à compra de quase tudo o que em Portugal se come, vindo de fora com custos que pesam na balança comercial.Temos terras abandonadas, o interior desertificado, com população envelhecida e abandonada à sua sorte, porque as famílias do interior debandaram para as cidades, fazendo crescer periferias urbanas, onde se produz crime. Onde se aprendem habilidades de ocupar polícias. Onde se consomem subsídios sociais sem retorno.Essa "elite" destruiu uma economia em muitos aspectos antiquada, mas que produzia para consumo caseiro. Agora, a gente compra nos grandes centros comerciais produtos que chegam de longe.A mesma "elite" substituiu uma economia de produção por uma economia de pretensos serviços, economia de base financeira, economia de casino, assente nas cotações da bolsa, que num sobe e desce não repercutem os valores reais das empresas cotadas. Uma economia de aparências, que faz fortunas em poucas horas e sem trabalho. Com especulação.A mesma "elite" consumiu rios de dinheiro que chegava de Bruxelas. Rios de dinheiro somado ao dinheiro das privatizações de empresas de interesse nacional que passaram para mãos privadas, ávidas de lucros fáceis e de ganância desmedida.Chegamos ao fim da pista, vem a seguir o abismo, mas a mesma "elite" continua a determinar destinos.E o governo tirou da cartola milhões para salvar bancos que esconderam dinheiro em "off-shores", bancos que negociavam empresas sediadas no papel.Chegamos ao abismo. O mundo está governado por uma "elite económica e política podre".Há excesso de ganância e uma pungente falta de ética. O bem comum cedeu lugar ao interesse de pequenos grupos. O mundo dos capitalistas está a reduzir à pobreza populações inteiras.E entre os senhores do dinheiro há guerras tremendas pela posse do que resta.Estão a pedir "rua", revolta do mundo empobrecido.E para rematar: "Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casa e tecnologia, fazendo-a dever cada vez mais, até que se torne insuportável ... o débito não pago levará os bancos à falência, que terão de ser nacionalizados pelo Estado". Isto foi escrito por Karl Marx em 1867. Grande profeta!... Enterrado pelas modernidades de muitos comentadores, pela "elite económica e política" que há anos governa o mundo.Grande Marx!...Profeta!...P. S. E houve Profetas que nos avisaram! Mas como eram "Demónios" para certas sociedades e Igreja...