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Timothy Radcliffe, ex-mestre da Ordem dos Pregadores (Dominicanos), um homem que procura o diálogo com todos, dentro e fora dos espaços confessionais, escreveu muita coisa sensata destinada à cura das divisões na Igreja Católica. Optou pelos termos de "católicos do Reino" e "católicos da comunhão" para descrever duas grandes polaridades.
Por "católicos do Reino", designa os que têm um sentido profundo da Igreja como povo em marcha para Deus no caminho do Reino. Os teólogos que estiveram no centro desta tradição são pessoas como o jesuíta K. Rahner e os dominicanos E. Schillebeeckx e G. Gutierrez e que sofreram tanto por quem está agora com as "rédeas". Esta tradição defende a abertura ao mundo, a descoberta da presença do Espírito Santo fora da Igreja, a liberdade e a busca de Justiça. As suas ideias fazem-se eco na revista católica Concilium.
Por "católicos de comunhão", designa os que, depois do II Concílio do Vaticano, sentiram a necessidade urgente de reconstruir a vida da Igreja que lhes parecia destronada. Seguem teólogos como H. von Balthasar e J. Ratzinger (quem será agora este cara de santinho!?). A sua teologia acentua a identidade católica e desconfia de tudo o que signifique um acolhimento demasiado caloroso da modernidade. A ênfase é posta na cruz. Criaram a revista católica Communio.
Nesta apresentação há um pouco de caricatura porque há muitos mais elementos a considerar e que não estão expressos aqui, por razões óbvias.
Muitos sentem-se atraídos pelas duas tradições, embora encontrando-se, provavelmente, mais numa do que noutra. Mas todos sabemos que nunca nos curaremos das nossas divisões sem alargar a imaginação, abrindo-a ao que os outros pensam e sentem de outra maneira.
Os "católicos do Reino" e os "católicos da comunhão" julgam-se todos, por razões diferentes, traídos pelo pós-Concílio. Os primeiros, porque se ficou muito aquém das promessas e das possibilidades. Os segundos, porque se foi longe de mais.
Cada uma destas grandes orientações tende a responsabilizar a outra pela destruição da casa de todos que a Igreja deve ser. Isto pode observar-se em muitos aspectos. É normal que sejam as mais noticiadas as questões em torno da moral familiar ( para quando a abolição da 'excomunhão' sobre a pílula anticonceptiva para que se possa respirar um ar saudável dentro da Igreja duma vez por todas e os casais se libertem desta prisão e da sensação de que têm o inferno como destino!?) e da Missa ( por causa dos ultraconservadores o latim melodioso está aí...e se o gosto pega!? Mas também não precisava a comunicação social continuar a aterrorizar os católicos com aquilo que pode ser notícia da Igreja Católica afirmando com prazer sórdido e envenenado que a Missa ia voltar a ser em latim e os sacerdotes a celebrá-la de costas voltadas para o povo!!) . Há uma velha anedota que se rejuvenesce continuamente: "Qual a diferença entre um liturgista e um terrorista? Com um terrorista, é possível negociar..."
Temos de conversar para que o diálogo seja reconhecido como um método universal de superar conflitos.
Mas o que mais me perturba é isto: quanto mais novos mais conservadores! Tal como na sociedade: quanto mais longe do 25 de Abril mais de direita e/ou desinteressados da coisa pública e com valores profundamente individualistas e hedonistas... Quanto mais longe do II Concílio do Vaticano mais uns parvos com ares de que agora é que vai ser ...Para onde caminhas Igreja!?
O Frei Bento Domingues tão conhecido pelo seu arejamento é para mim sempre tema de inspiração...e copianço.