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Algumas razões para ‘ser padre’... hoje

por Zulmiro Sarmento, em 07.04.10

 

No ‘ano sacerdotal’ em tempo de Páscoa

Enquadrado no ‘ano sacerdotal’, no contexto da celebração da Páscoa e ao ritmo das diversas vivências pessoais e comunitárias, sentimos como que um impulso – suficientemente racional muito para além do mero emotivo, embora razoavelmente emocional para não se tornar minimalistamente racionalista – de exprimir algumas (que não exclusivas) motivações para ser padre neste tempo, isto é, enquanto vivemos no hoje, à luz do passado e em abertura ao futuro.
Atendendo ainda aos múltiplos ataques – alguns roçando quase o ridículo – aos pecados – pessoais e sociais – de muitos clérigos (nos vários quadrantes do mundo) como que se torna imperioso apontar – sem qualquer defesa ou mesmo intento ressabiado – para as razões profundas ‘de ser’, ‘para ser’ e, sobretudo, ‘como ser’ padre... hoje.

* Ser feliz (identidade e vocação)
Ninguém poderá ajudar os outros a serem felizes, se o próprio não for feliz. Se, para qualquer vocação ou, mesmo, profissão isto é válido, tanto mais o é para o padre. Com efeito, o padre não é um castrado de sentimentos, embora os tenha entregado ao serviço de Deus pelos outros. O padre não é um infeliz na prossecução individualista dos seus afectos, embora os viva em entrega celibatária, o que não quererá significar solitária. O padre não foi amputado de qualquer das suas faculdades emotivas, embora as saiba, com maturidade, imolar positivamente ao Deus a quem serve no altar do sacrifício vivo e renovado cada dia.
Desgraçadamente há quem tente opinar sobre matérias que não conhece suficientemente ou que procure lançar confusão, tanto quanto é perceptível, a partir da sua incapacidade – emocional, afectiva ou intelectual – de dar (ao menos) o benefício da dúvida sobre a integridade moral doutrem.

* Comunicar a vida... como dom (valorização e missão) aos outros
Efectivamente, ninguém foi criado para obstaculizar – conscientemente – a capacidade de comunicar a vida, tanto na paternidade como na maternidade, tanto biológica, como psicológica e/ou espiritual. Certamente seria frustrante que alguém tenha sido ordenado padre para fugir à responsabilidade de ser presença do amor (paterno de Deus e materno em Igreja) como dom e missão de Deus neste mundo.
A dimensão de padre envolve algo mais do que uma capitulação fora dos desígnios de Deus. Pelo contrário, ser padre é assumir a força de Deus Pai, nas mais diversas dimensões. Com efeito, só quem nunca tenha percebido esta dimensão de paternidade do padre poderá considerar que este não é, de verdade, pai espiritual – na linguagem de alguns autores: ‘pater familias’ – de seus irmãos, tornados filhos por graça de Deus.
A vida espiritual – essa que dá, de facto, consistência às outras dimensões essenciais do nosso ser com os outros – ganha nova relação quando está influenciada pela força paterna de Deus, traduzida em gestos, em palavras, em sinais e em desafios de nova vida... em crescendo de maturidade divina.

* Mãos abençoadas e para abençoar (dimensão pneumatológica)... como Jesus
Se pretendêssemos encontrar uma faceta do corpo humano para simbolizar o ministério sacerdotal poderíamos – sem o fazermos de forma redutiva – apontar as mãos como símbolos mais significativos. As mãos do padre foram ungidas, na ordenação, e com as mãos, ele invoca o Espírito Santo (epiclese) na celebração dos diferentes sacramentos, comunicando-nos o poder do Senhor, hoje. Com efeito, as mãos do padre são o sinal distintivo e paradigmático da comunicação de Jesus entre os homens e mulheres do nosso tempo. Por isso, será de grande utilidade ministerial que o padre reflicta sobre o modo como usa as suas mãos e aos outros fiéis como entendem e atendem à função das mãos do padre.
Não será também casual que, na revelação de Jesus ressuscitado, as mãos (para além do lado aberto) são ‘lugares’ onde estão impressos os sinais da paixão gloriosa com que Cristo se faz presente com os seus. Das mãos trespassadas e gloriosas de Jesus nos venha, hoje, pelo ministério do padre a bênção de Deus... ressuscitada e ressuscitadora.

A. Sílvio Couto

in ECCLESIA

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publicado às 13:51


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